terça-feira, 19 de julho de 2011

Shows celebram Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

O Centro de Referência de Combate ao Racismo completa um ano de existência no dia 21 de março, data em que se comemora também o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Para celebrar os dois acontecimentos, a Secretaria Municipal de Participação e Parceria, por intermédio da Coordenadoria dos Assuntos da População Negra (Cone), realiza o evento “Pela paz, São Paulo é show”.

Vários artistas nacionais, com destaque para Ed Motta, Sandra de Sá, Vanessa Jackson e Banda Black Rio, se revezarão no palco armado na praça da Sé.

A entrada para os shows - uma parceria da secretaria e da Associação Brasileira de Black Music – é gratuita e livre para todas as idades. Serão arrecadados alimentos não-perecíveis (exceto sal e açúcar), roupas, medicamentos e kits de primeiros socorros para a Cruz Vermelha e doações em dinheiro para as vítimas do terremoto no Haiti.

No dia 19, haverá o lançamento da cartilha “Como reconhecer e lidar com o racismo em suas diversas formas” e palestra com Hédio Silva Jr e Christiano Jorge Santos sobre os entraves jurídicos na luta contra o racismo, no auditório da Secretaria Municipal de Participação e Parceria.

— A luta contra a discriminação —

Em 1960, vigorava o regime do apartheid na Áfricado Sul, onde a população branca detinha o poder e determinava que os negros vivessem separadamente e não podiam fazer qualquer tipo de negócio ou prática profissional nas áreas designadas aos brancos. Essa conduta era formalizada por meio de lei oficial do país.

Os negros eram excluídos do direito de voto, portanto ficavam fora do governo. A maioria dos bairros negros não tinha saneamento básico, eletricidade e recursos necessários para a sobrevivência.

Foi então que surgiu a mobilização de mais de 70% dessa população contra o regime de segregação racial. Na cidade de Shaperille, policiais sul-africanos entraram em confronto com a população manifestante, o que resultou em um massacre. Foram 69 negros mortos e mais de uma centena de feridos.

Mas a luta contra as regras do governo não havia acabado. As represálias contra a população e os congressos anti-apartheid, liderados por figuras importantes na história mundial como Nelson Mandela, se tornavam cada vez mais violentas. Todos os países que tinham ligação com a Organização das Nações Unidas (ONU) foram orientados a não contribuir com a África do Sul, por conta do regime político.

Em 1966, a ONU estabeleceu que o dia 21 de março fosse o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, por ser a mesma data do massacre. Desde então esta data é celebrada no mundo todo como um símbolo de luta contra esse tipo de violência.

— O que é discriminação racial? —

Discriminação racial é todo e qualquer tipo de exclusão, distinção, restrição ou preferência baseada na cor, raça, ascendência e origem, também qualquer fato que tenha a finalidade de impedir o direito à liberdade de conhecimento dos direitos humanos como acesso à educação, cultura, lazer, e todos os outros.

No Brasil, onde os negros representam quase a metade da população, chegando a 80 milhões de pessoas, o racismo ainda é um fator divisor e em evidência. Existe também a chamada “democracia racial”, a qual afirma a existência de relações amistosas entre os diferentes grupos étnicos e raciais na sociedade brasileira.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Reunião Internacional em São Paulo traça paralelo entre drogas e a lei

A Secretaria de Participação e Parceria (SMPP) realizou na última quinta-feira, 14, a Reunião Aberta Internacional do Comuda – Drogas e a Lei. Mensalmente, o Conselho Municipal de Drogas e Álcool de São Paulo (Comuda) e a Coordenadoria de Atenção às Drogas (CDR) organizam reuniões para debater o tema. Este último encontro contou com a presença do promotor do condado de Miami-Dade, na Divisão de Narcóticos, David Kahn.

Durante a reunião foi abordado o tema “Justiça Terapêutica”, desenvolvida nos Estados Unidos, para a recuperação de delatores que foram condenados por infrações menores e são usuários de drogas ou álcool.

O programa americano consiste em um conjunto de medidas voltadas para que eles recebam tratamento de terapia e evitem a aplicação de pena privativa de liberdade, além de possibilitar a melhor reeducação e reintegração do infrator.

O sistema judicial brasileiro não tem punição acompanhada de tratamento para dependentes químicos, como ocorre com os americanos. Porém o sistema de saúde prevê o acompanhamento médico, assistência social e suporte especializado ao dependente.

“Para obter um programa assim é necessário parcerias entre tribunais para dependentes, órgãos públicos, organizações comunitárias. Quando comparados os custos da sociedade, tudo pode se transformar e várias coisas podem ser feitas. A mudança não ocorre no nível macro e, sim, micro.

Em Miami, os próprios juízes ligam para empresas e dizem: Você quer participar do nosso projeto?”, afirma David Kahn.

— RECUPERAÇÃO —

A prova de que a terapia judiciária funciona está nos dados obtidos: oito em cada dez pessoas viciadas se recuperam e conseguem se manter longe das drogas e do álcool e não cometem mais crimes.

“Os dependentes têm que entender que aquilo vai fazer mal para eles; acima de tudo, a iniciativa de se tratar vem da pessoa. No tribunal não obrigamos ninguém a seguir o programa. Mas se conseguirementender que é necessário para a vida, eles conseguem se recuperar. Eu já presenciei uma situação curiosa, em que um dos participantes agradeceu o juiz por ter mandado ele para terapia”, conta Kahn.

Além de tratar, o tribunal oferece ensino básico a nível médio e cursos de capacitação profissional para que o indivíduo possa voltar à sociedade com mais chances de conseguir um emprego e não cometer delitos. A ficha policial, depois de constatada a recuperação total, é apagada retirando todos os antecedentes criminais que existiam.

Outras duas palestras marcaram o encontro. Luiz Alberto Chaves de Oliveira, médico, especialista em dependência química e coordenador de Atenção às Drogas da Cidade de São Paulo, falou sobre a legalização de drogas. Já a juíza de Direito da 3º Vara Criminal da comarca de Ribeirão Pires, Isabel Cardoso da Cunha Lopes Enei, abordou o tema da Justiça Terapêutica no Brasil.

Parada do Orgulho LGBT deve atrair 3,2 milhões de pessoas, no domingo

A Secretaria Municipal de Participação e Parceria (SMPP), por meio da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads), promove no dia 6 de junho, às 12h, a 14ª Parada do Orgulho LGBT. A concentração será na frente do Masp, na avenida Paulista. O evento terá toda a infra-estrutura, com a instalação de banheiros e postos médicos, entre outras ações.

São esperadas 3,2 milhões de pessoas, que poderão acompanhar mais de 20 trios elétricos, ao longo de 3,5 quilômetros. A marcha começa na avenida Paulista, segue pela rua da Consolação e termina na praça Roosevelt.

A Parada é o auge das comemorações do Mês do Orgulho LGBT, promovido pela Associação da Parada do Orgulho LGBT, para chamar a atenção para as reivindicações dessa comunidade. O trajeto da marcha, com passagem pelos pontos emblemáticos da Cidade, visa a destacar também a importância econômica e turística de São Paulo. “Quando o Brasil se candidatou para sediar a Copa do Mundo de 2014, um dos pontos citados para mostrar nossa capacidade de realizar eventos de grande porte foi a parada”, lembra o coordenador geral da Cads, Franco Reinaudo.

A Parada paulistana é a maior manifestação do mundo em prol dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Não é apenas um evento que torna visível a comunidade LGBT, mas também traz para a cidade de São Paulo e para o Brasil um reconhecimento mundial. “A parada é um evento inclusivo, moderno, que mostra a diversidade humana de nossa cidade e traz, com suas cores, a bandeira do respeito aos direitos humanos, junto a demais benefícios turísticos e econômicos”, conclui Franco.

O turismo GLS é um segmento que cresce no mundo todo e movimenta fortemente a economia dos destinos caracterizados pela diversidade. A expectativa é que os turistas que vêm a São Paulo atraídos pelo evento deixem cerca de R$ 190 milhões para a economia do Município, de acordo com o Observatório do Turismo da cidade de São Paulo. Não é apenas a estatística econômica, contudo, que traduz a importância do evento. A parada trouxe para a comunidade LGBT conquistas que refletiram em uma sociedade mais justa em relação a essa população que tem um histórico de discriminação e intolerância.

O diretor audiovisual Luiz Becherini, 26 anos, diz que é um privilégio estar em um evento como este. “Participo desde os meus 17 anos. Acompanhei a mudança da Parada ao longo da minha vida. E posso dizer que foi e é gratificante fazer parte desse dia. Com a parada passamos uma visão para o mundo de que somos um país livre de preconceito, usando o amor acima de tudo”.

Cone e Senac oferecem bolsas de estudo para afrodescendentes

A Secretaria Municipal de Participação e Parceria, por meio da Coordenadoria dos Assuntos da População Negra - Cone, comunica que estão abertas as inscrições para o processo seletivo da Bolsa Senac/Cone.

Os interessados podem se inscrever até o dia 5 de abril para cursos técnicos em todas as áreas. A seleção é feita com o preenchimento de formulários e entrevistas socioeconômicas, seguida de apresentação de documentos que provam a origem afrodescendente. O candidato deve enviar um e-mail com nome completo e telefone para o endereço eletrônico cone.senac2010@gmail.com ligar solicitando a confirmação nos telefones 3113-9745 ou
3113-9772.

Os futuros alunos participarão de reuniões, no auditório da secretaria, em cada etapa do processo de bolsas. Este é o momento em que a coordenadoria apresentará os objetivos e propostas do programa, além de ser uma oportunidade de esclarecer possíveis dúvidas.

O programa tem como objetivo a inserção educacional daqueles que se declararem afrodescendentes e negros, facilitando sua entrada no mercado de trabalho. Essa parceria, em 2007, resultou em um Acordo de Cooperação Educacional com o Senac que garante a concessão de bolsas e todos os direitos e deveres dos futuros estudantes. Os alunos devem manter freqüência regular e é preciso ter ainda bom aproveitamento do curso, com notas na média estabelecida pela instituição de ensino.

O secretário de Participação e Parceria, que assinou o convênio com o Senac, lembra que já foram oferecidas 180 bolsas até agora. “São jovens que estão aptos a entrar no mercado de trabalho pela porta da frente: com um diploma na mão”, afirma.

— Inclusão educacional—

Segundo a coordenadora da Cone, Maria Aparecida Laia, essa parceria com o Senac é importante para a mudança de vida do jovem negro: “A maioria dos jovens que fazem curso no Senac consegue ingressar no mercado de trabalho após a conclusão das aulas. Para nós, vem sendo gratificante, pois também é uma forma de fazermos a política de ações afirmativas, oferecendo oportunidades para jovens que não têm condições de pagar um curso integral”, diz a coordenadora.

A Política de Ação Afirmativa (PPA) amplia a inclusão educacional dos afrodescendentes e tem despertado interesse da crítica brasileira. Os defensores dos diretos humanos da população negra tiveram a oportunidade de colocar em debate questões que anteriormente pareciam ignoradas.

De acordo com censos recentes, a população negra e afrodescendente representa 80 milhões de pessoas – aproximadamente 46% da população total (IBGE - Censo 2000). São várias as pesquisas que conduzem à constatação de que o tema da igualdade de oportunidades sempre foi complexo na historia da educação brasileira.

— Quem pode se candidatar—

Pode se candidatar quem se declara afrodescendente. A comprovação caberá ao Senac com base na foto do candidato. É preciso comprovar também renda pessoal e familiar, que, dividida pelo numero de pessoas da casa, chegue até a um salário mínimo, residir no município de São Paulo e se dispor a participar de eventos voltados à população negra.

O candidato apresentará, na entrevista, cópia dos seguintes documentos:

-Título de Eleitor;
-RG E CPF;
-Certidão de Casamento e Nascimento de filhos, quando for o caso;
-Documento de Reservista, para pessoas do sexo masculino;
-2 (duas) fotos tamanho 3x4;
-Comprovante de endereço;
-Comprovante de renda pessoal e familiar.

Alimentação saudável e qualidade de vida, temas do workshop ‘Da Horta à Mesa’

O workshop “Da Horta à Mesa”, que reuniu temas como alimentação saudável e qualidade de vida, teve sua última palestra do ano na quarta-feira, 20, no auditório da Secretaria Municipal de Participação e Parceria, com uma palestra da nutricionista Rosana Gaeta.

Durante a palestra - promovida pela Coordenadoria de Convivência, Participação e Empreendedorismo Social (Conpares) -, a nutricionista alertou sobre os cuidados primordiais na hora de se alimentar: fazer no mínimo três refeições em horários regulares diariamente, incluir uma fruta no café da manhã, evitar o consumo excessivo de sal, açúcar e frituras. “Criando uma consciência alimentar saudável nas pessoas, podemos melhorar toda nossa estrutura de vida, pois alguns hábitos do dia-a-dia podem afetar essa estrutura”, afirmou Rosana.

O workshop fez um apanhado geral de quatro temas: ansiedade, atividade física, auto-estima e agricultura orgânica. Rosana Gaeta explicou que nossa saúde física melhora com a combinação entre uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos.

Para complementar a experiência, os participantes receberam brindes, caderno de receitas, folders explicativos de cada um dos temas, folheto com as receitas utilizadas na palestra e manual de boas práticas de manipulação de alimentos.

Os participantes do workshop gostaram da dinâmica adotada durante a palestra e afirmaram que as dúvidas sobre hipoglicemia, pirâmides alimentares e alimentos orgânicos foram esclarecidas. No fim, todos receberam certificado de participação.

CVV pode ajudar com limitações

Em 2020, a depressão vai ser a principal causa de tentativa de suicídio. Segundo o IBGE, 19,5% da população brasileira apresenta sintomas da doença.

Crise econômica, desemprego, doenças, divórcio, envolvimento com drogas e perdas, todos estes fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da depressão. Ao longo dos anos o Sistema Único de Saúde (SUS), observou o aumento das internações por traumas autoprovocados. A depressão é mais comum entre as mulheres, aproximadamente 3,2% sofrem com a doença, os homens representam 1,9%. É assustador deparar com esses dados estatísticos divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que apresenta 9,7% das mulheres e 5,9% dos homens que poderão ter depressão dentro de um período de doze meses.

Será que isso pode virar uma epidemia? Em 2020, a depressão será uma das grandes causas de tentativa de suicídio, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O mundo se modernizou e, as pessoas ficaram mais individualistas. Segundo pesquisa do IBGE, cinco milhões de pessoas moram sozinhas no Brasil. Não que todas elas terão depressão e tentar suicídio, mas a solidão, o isolamento e a falta de ter alguém para dividir problemas são fatores de risco.

O Centro de Valorização a Vida é uma entidade que tem como objetivo fazer a prevenção ao suicídio, amenizar a depressão e prestar apoio emocional. No Brasil foi fundado há quase meio século, são 57 postos, que atendem pessoalmente em horário comercial e 24 hs pelo telefone. Na Avenida Jabaquara o objetivo era procurar o número indicado, uma pequena construção indicava as siglas CVV. O terreno foi cedido pela Prefeitura, e é metade de um canteiro da praça.

A instituição não é governamental. São 2500 voluntários, incluindo a diretoria. Cada unidade é responsável pela sua sobrevivência financeira. Eles pagam aluguel, água, luz e telefone. A ajuda vem dos colaboradores internos, não é obrigatória, mas sempre é feita e o valor não é fixo. Quando recebem doações, são raras, grande parte é destinada ao pagamento de contas.

Segundo os representantes do CVV só 5% dos atendimentos são feitos pessoalmente. Tudo que os agentes de apoio escutam é mantido em sigilo, de acordo com as normas. Quem se candidata a voluntário não precisa ter formação específica. Porém, os novos integrantes precisam passar por um curso preparatório com carga horária de 42 hs, para que possam assumir o plantão que tem duração de 4 hs. “Todas as unidades realizam os cursos de três a quatro vezes por ano, gratuitamente”, informa o representante do CVV, Arthur Mondin.

Grande parte das pessoas que ligam para o CVV, segundo Mondin, “não tem a real intenção de se matarem, elas apenas querem ser ouvidas por alguém”. Os agentes de apoio têm algumas limitações, pois não é obrigatória a identificação, eles não têm rastreadores de chamadas, e isso impossibilita que em um caso de total pânico, seja tomada uma providência mais drástica, como por exemplo, os serviços de emergência.

A repórter vivenciou um caso particular e relata alguns trechos da conversa abaixo:


Júlia(nome fictício) : Alô.
Agente de apoio do CVV: Boa Tarde, aqui quem fala é um Samaritano. Eu estou aqui pra te ajudar.
Júlia: Eu fiquei internada durante dois meses em uma clinica, porque tentei me matar, mas infelizmente não consegui, tomei muitos remédios.
CVV: Por que você tentou se matar?
Júlia: As coisas em casa não estavam bem, meu pai descobriu que estava com HIV. Minha mãe não tem a doença. Ele a traiu.
CVV: Você já conversou com eles e disse que não estava se sentindo bem?
Júlia: Não, eles não me escutam. O que eu faço?
CVV: Não posso dizer o que você deve fazer, não tenho uma receita. Apenas posso te aconselhar a refletir. A melhor solução não é essa.
Júlia: Eu vou me matar. Todas as pessoas dizem que não podem me ajudar.
CVV: Não faça isso, seus familiares estão passando por um momento ruim. Você deve ajudar eles, se matar vai causar mais transtorno. Procure uma ocupação... Se divirta com amigos... Vá até um médico.
Júlia: Eu vou me matar, sim, agora.
CVV: Você está sozinha em casa?
Júlia: Sim.
CVV: Quero conversar pessoalmente com você, vem aqui no CVV. Vamos conversar e posso te ajudar..
Júlia: Eu vou desligar.
CVV: Vou te ajudar, assim que chegar aqui.
Júlia: Vou desligar.
CVV: Todas as escolhas que você toma na vida podem te trazer coisas ruins, se tomar à decisão certa, vai ficar tudo bem.
Júlia: desliga o telefone...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

NOTA - Jornalismo policial ganha livro de entrevistas


Um panorama da cobertura policial brasileira no século XXI traçado por aqueles que atuam diariamente nela. É o que oferece o livro Jornalismo Policial: histórias de quem faz, escrito pelos alunos do 4º ano de Jornalismo (2010) da UNIBAN Brasil, com a organização da jornalista e professora Patrícia Paixão. A obra, editada pela In House, foi lançada em 14 de agosto na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Em entrevistas exclusivas concedidas aos estudantes, Percival de Souza, Fernando Molica, Renato Lombardi, Marcelo Rezende, Domingos Meirelles, Luiz Malavolta, Josmar Jozino, Gil Gomes, Robinson Cerantula, Fátima Souza, André Caramante, Bruno Paes Manso, Afanasio Jazadji, Gio Mendes, Fausto Salvadori Filho, Marco Antonio Zanfra e Pantera Lopes debatem os principais méritos e deméritos da área, analisando coberturas famosas como os casos Escola Base, Favela Naval, os ataques do PCC em São Paulo, o assassinato da menina Isabella Nardoni e o fatídico sequestro da garota Eloá Cristina Pimentel, em Santo André.

A ideia do livro surgiu em 2008, a partir de um trabalho que os alunos desenvolveram na disciplina Entrevista e Pesquisa Jornalística, ministrada por Patrícia Paixão. “Escolhemos o jornalismo policial como tema das entrevistas pelo fato de a área ser pouco debatida tanto no âmbito acadêmico como no profissional. Até mesmo no mercado editorial são raros os títulos sobre esse tipo de cobertura”, explica a professora.

Os alunos foram orientados a entrevistar jornalistas que atuam ou atuaram nessa área em todos os tipos de mídia (impressa, eletrônica e digital) e em diferentes etapas da produção jornalística, da reportagem à apresentação (no caso da TV e do Rádio). “Assim pudemos garantir riqueza e diversidade no conjunto de relatos colhidos”, complementa Patrícia.

Entre os conselhos oferecidos pelos jornalistas entrevistados para os que desejam atuar no jornalismo policial destacam-se a necessidade de conquistar fontes fidedignas; desconfiar sempre das primeiras versões do fato; não desprezar, por arrogância, informações vindas de pessoas humildes; ir além da fonte policial; e procurar se especializar, obtendo conhecimento sobre áreas essenciais para esse tipo de cobertura, como o Direito.

Para Rodrigo De Giuli, um dos estudantes coordenadores do projeto editorial do livro, um dos aspectos mais interessantes do resultado do trabalho foi confrontar as visões dos entrevistados sobre questões polêmicas como o uso da emoção no texto e o sensacionalismo. “Para alguns jornalistas, como Gil Gomes, o uso da emoção é essencial. Outros, como Fernando Molica, defendem a imparcialidade. Alguns afirmam que o sensacionalismo é uma muleta do profissional ‘limitado’. Outros consideram que ele é apenas uma forma aceitável de contar o fato”, ressalta De Giuli.

Serviço:"JORNALISMO POLICIAL: HISTÓRIAS DE QUEM FAZ"
Patrícia Paixão (org.) / Vários autores
Ed. In House, 2010, 144pg